quinta-feira, janeiro 29, 2009

O chilrear dos twittarinhos ao Sol.

TweetEffect: edgargoncalves adquiriu 2 seguidores e perdeu 1 no decorrer das últimas 200 actualizações.


É esta a conclusão a que chego após ver este TweetEffect. E isso é, de facto, irrelevante. Para mim, que não estou minimamente motivado em adquirir uma legião de gentes interessadas no que eventualmente tenho para partilhar. (Quem me conhece sabe bem que não há qualquer inveja naqueles que adquirem milhenas de seguidores ou que seguem o triplo dessa quantidade). Deixo de lado o aspecto tecnológico da aplicação e foco-me apenas no cariz social que este fenómeno da Web tem vindo a adquirir (e que parece que já chegou em força a Portugal). Eu comecei a usar o Twitter há um ano e uns trocos, com o objectivo de enviar notificações directas aos meus contactos, sabendo que estes (tal como eu, quando na situação reversa) recebiam a mensagem com uma sms gratuita. E isto era prático, ainda que com limites, Nunca gostei de escrever sms - mas no computador, com a facilidade que é de escrever no Twitter, "a coisa dava-se". Entretanto a empresa referida cessou de permitir este tipo de uso para nós, Portugueses (entre outros (in)felizes contemplados). E eu tratei de tentar compreender para que servia o Twitter, para mim. Encontrei uns quantos serviços úteis — notavelmente o gestor de tarefas fabuloso que é o Remember The Milk, que nos envia via Twitter lembretes do que temos de fazer no momento certo. Depois tratei de encontrar algumas entidades (empresas ou profissionais) que enviam novidades, lançamentos ou ligações relativas às suas áreas de interesse, profissional ou não. Finalmente, serviu, como meio de contacto ou de esclarecimento de dúvidas com estes contactos. Porquê? O contacto está visível publicamente, não requer adicionar um contacto ao nosso sistema de mensagens instantâneas de eleição, nem força a que ninguém veja o estado actual de um contacto. Em suma, é minimamente obstrutivo e assíncrono.

Deixai entrar agora o fenómeno de rede social. Exaltêmo-nos, no momento em que de de todo o lado todas as (auto, ou não) proclamadas figuras públicas começam a tomar um interesse nesta coisa dos geeks que é o Twitter. E com estas movem-se todos os conhecedores, antigos utilizadores latentes e curiosos. Ah, e aqueles que querem investir na proximidade da novas tecnologias. Deixem-me esclarecer, em nada do que disse neste parágrafo escrevi uma crítica negativa ou carreguei no molho de má intenção. É um fenómeno. Factual. Nada mais. Mas tal como este, surge o acompanhar de outras tendências sociais que essas sim, já condeno - o aglomerar de atitudes voyeurs como acto de passagem de tempo. Dir-se-á que a culpa é de quem expõe. Certo. Não discuto. Até porque o meu problema não é *nada* relativo a esse, apesar de o condenar. Já se falou disto tudo com o advento da proliferação do Hi5 e de outras redes sociais que, começando por ter a melhor das intenções, depressa foram preenchidas com vontades primais juvenis doutra forma reprimidas.

Mas qual então, o meu problema? Sigo Blogs de opinião, noticiosos e de análise. E como tal comecei a seguir um dos seus autores no Twitter, como forma de obter mais informação relevante para mim. E depois desse autor, veio outro. E depois mais dois, e por aí em diante. Só por si, não seria mau - muita informação relevante para ler, dá sempre jeito. Mas alguns desses autores (não falo particularmente dos Portugueses, este problema afectou-me com contactos de todo o mundo) foram tornando a sua torrente de Tweets mais e mais pessoal, banal e efémera. Passou de "Vou estar presente na Conferência sobre XPTO no dia Y" a ser "Hmm, o Sol vai alto. Fez-me bocejar". E santa paciência, não me pagam para ler coisas destas, e se o computador serve para acelerar a minha actividade, esta não é a maneira.

Como tal, hoje fiz um aparo à minha lista de seguidos. E de repente a minha feed por ler ficou bastante mais legível. Não tenho de passar coisas à frente. Como bónus, deixei de ter a tendência de querer fazer algo que me apercebi (talvez tarde, mas mais vale tarde que nunca) que já fazia - mandar resposta a Tweets de pessoas que não conhecia, sem ter sido pedida qualquer intervenção pública nem ganhar qualquer tipo de vantagem da minha parte. Sei que para muitos isto não é minimamente aflitivo, e traz até um sentido de satisfação. Óptimo. Pode ser que um dia, com tempo, me veja inclinado a fazer o mesmo, a ser uma pessoa melhor e a (ciber-)socializar desmezuradamente. Até lá, terei todo o gosto em manter diálogo com quem o procurar, seja para dúvidas específicas ou para debates metalinguísticos. Mas não o irei impor.

Cantem, twitarinhos, cantem. Há gentes que vos ouvem de bom grado. Mas eu prefiro o meu iPod, hoje.